Uma medalha em Tóquio 2020 consagra uma recuperação incrível
Foto: Wander Roberto/CPB/Direitos Reservados
Em outubro de 2015, Rodolpho Riskalla, nascido em São Paulo mas residente em Paris, se viu em uma luta desesperada contra uma meningite bacteriana. Ele contraiu a doença numa vinda ao Brasil, para acompanhar o enterro do pai, que falecera dias antes. As consequências da meningite foram duras para ele: amputações nas duas pernas, dos dedos da mão direita e alguns da mão esquerda.
O relógio de um sonho parou, enquanto o de outro disparou. Rodolpho estava em meio à corrida por uma vaga nos Jogos Olímpicos do Rio e teve que se adaptar à nova realidade. Ele voltou ao hipismo na primeira oportunidade que teve e numa reviravolta incrível, participou da Paralimpíada de 2016, terminando em décimo lugar na prova do adestramento.
Com mais tempo para se preparar e aperfeiçoar, a Paralimpíada de Tóquio representava a primeira grande oportunidade para que Rodrigo, enfim, soubesse como é subir ao pódio em um evento desse porte. Ele liderou a prova desta quinta-feira (26) até o meio da competição, mas acabou superado pela holandesa Sanne Voets. A medalha de prata foi recebida com muitas lágrimas pelo brasileiro.
“Tem gente que trabalha por anos para estar em uma Paralimpíada e ganhar uma medalha e infelizmente não consegue. Não é fácil. Preparamos do jeito certo, fizemos tudo na hora certa e a medalha veio. Estou muito feliz”, disse um Rodolpho repetidamente emocionado nas entrevistas que concedeu em português, inglês e alemão.
Rodolfo Riskalla, de 36 anos, ainda tem mais uma prova para realizar em Tóquio e, cheio de gás, acredita em outra medalha. Terá duras adversárias pelo caminho. No hipismo, as provas são mistas e a maior parte delas tem mais amazonas do que cavaleiros. A prova de Rodolpho foi vencida por uma mulher, entre oito das dez primeiras colocadas. Mas é bom não duvidar de que ele seja capaz de chegar longe e alto outra vez.