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Síndrome do Impostor: você sabe o que é e como evitar?

 

Por Felippe Virardi

É comum pessoas de sucesso atribuírem seus feitos à sorte ou devido a ajuda de outras pessoas. Esse comportamento recebe o nome de Síndrome do Impostor, revelando que muitos profissionais tendem a se considerar indignos de tal conquista, se sentindo, muitas vezes, como uma fraude e nutrem até mesmo uma sensação de a qualquer momento poderem ser desmascarados. A desordem psicológica foi descoberta pelas psicólogas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, nos anos 70, após um estudo feito com profissionais mulheres que não se sentiam competentes ou qualificadas o bastante para determinada posição ou trabalho.

Recentemente, Michelle Obama trouxe o assunto à tona ao compartilhar suas próprias experiências com estudantes em Londres. Ela revelou que precisou trabalhar bastante seu hábito de sempre se perguntar se era boa o bastante para estar nas posições em que se encontrava. Depois deste relato da ex-primeira-dama dos Estados Unidos, não só mulheres, mas jovens do mundo todo têm compartilhado dos mesmos sentimentos em conversas e redes sociais.

No Brasil, foi realizada uma pesquisa pela USP com quase 500 estudantes. Cerca de 77% deles apresentavam sintomas da Síndrome do Impostor. A maior parte destes eram jovens que tinham entre 17 e 24 anos. O estudo revelou ainda uma forte ligação entre a síndrome e as diversas cobranças, desde a infância desses jovens, por parte dos pais e pela própria sociedade. Vivemos em uma sociedade de cobranças por excelência: devemos ser os melhores alunos da escola e, na fase da adolescência, a obrigação de passar em um bom curso em uma universidade renomada, também passa a assombrar os jovens desde muito cedo. Somos cobrados o tempo todo por bons resultados e, quando finalmente os conquistamos, achamos que não somos dignos deles ou mesmo que qualquer um poderia ter chegado onde chegamos.

Outro ponto importante para trazermos para essa discussão é que para passar por todas essas cobranças, muitas vezes, os jovens se espelham em alguém que já conquistou grandes feitos e acabam por quererem comparar suas conquistas às de seus ídolos. Isso naturalmente gera frustração já que não se veem no mesmo patamar da pessoa admirada. Além disso, esse tipo de comparação também gera autossabotagem, uma vez que, eles acreditam que só conseguiram conquistar o que conquistaram porque foram ajudados por alguém.

O mesmo comportamento de insegurança pode se perpetuar na fase adulta, apresentando consequências no trabalho. Em ambientes corporativos tóxicos, em que se costuma destacar apenas as metas e os resultados individuais, a pressão só aumenta. Com as comparações acirradas e um ambiente altamente competitivo, em que workaholics são vangloriados por trabalharem horas e mais horas sem descanso, este sentimento de nunca ser bom o bastante é alimentado. Isto acaba por trazer muitos prejuízos para a saúde física e emocional dos funcionários, podendo inclusive agravar-se até se tornar um caso da também conhecida Síndrome de Burnout, por exemplo.

Estas práticas de elevado desempenho a qualquer custo não trazem vantagens nem para a empresa, nem para seus colaboradores, visto que vivemos em uma sociedade em que as companhias são cada vez mais valorizadas por proporcionarem qualidade de vida e equilíbrio entre a vida profissional e pessoal dos funcionários, além de um propósito bem definido.

Para evitar estes ambientes, é necessário criar espaços abertos para uma comunicação clara e transparente. E esse é um trabalho que deve ser feito de forma conjunta, entre o RH e os gestores de cada área. Para que todos se sintam incluídos e valorizados na equipe, o reconhecimento deve ser feito continuamente.

A prática sistemática de feedback também ajuda muito a fazer o profissional entender que suas conquistas são resultados de seus esforços e que todos são capazes de crescer mais e mais rápido com a ajuda uns dos outros, que a colaboração é sim benéfica e que cada integrante da equipe tem um papel importante na entrega dos resultados como um todo.

Por fim, digo ainda que o profissional que perceber comportamentos ou discursos próprios que desvalorizem seus feitos pode, por iniciativa própria, procurar uma mentoria para ajudá-lo no planejamento, adaptação e reconhecimento do seu valor.  Além disso, caso o indivíduo perceba que possui estes sintomas, procurar é indicado que ele busque ajuda profissional, como um psicólogo, por exemplo. Reconhecer seus pontos fortes e se julgar merecedor de seu sucesso é um passo importante e motivador para que o alcance de um desenvolvimento contínuo.

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