Economia

Mercado Financeiro Tenta Sobreviver Aos “Destemperos” da Política e Economia

Foto: Divulgação

Momento inflacionário, conflitos institucionais e incertezas políticas são os ingredientes que “apimentam” o mercado financeiro. Saber saborear este caldo vai depender de estratégias, conhecimentos e paciência a longo prazo. O investidor deve ficar atento ao ambiente doméstico e internacional.

Questões relacionadas a instabilidade econômica como por exemplo a inflação, tem reflexos no câmbio e consequentemente no mercado de ações. Para ajustar tudo isso entra em cena a taxa de juros, tanto que a projeção do Banco Central é ter para o fim do ano, uma taxa Selic ente 8,75% a 9%.

“O impacto desses fatores sobre o desempenho das ações listadas em Bolsa de Valores tem sido percebido. Tanto que o desempenho do Ibovespa resultou num acumulado de -2% no ano, perdendo valor de mercado, mesmo contando com empresas que apresentaram excelentes resultados nos primeiro e segundo trimestres deste ano, em alguns casos acima das expectativas de mercado”, explicou Matheus Nascimento, sócio e co-head de renda variável da Plátano Investimentos de São José dos Campos.

Para entender o lucro na Bolsa mediante o cenário, os assessores de investimentos se baseiam em dados históricos, pelo P/E – Price to Earnings ou Preço Sobre Lucro, que reflete o potencial de lucro das empresas embutidos no preço de negociação.

“Historicamente o Ibovespa tem um múltiplo de 12x e hoje, percebemos esse múltiplo em 8x. Isso significa que os números das empresas listadas estão muitos atrativos, com um baixo nível de endividamento das companhias na comparação histórica. Mas com uma perspectiva “poluída” pelo avanço da inflação e pelo cenário fiscal conturbado”, pontuou o co–head de renda variável.

A Sobrevivência do Mercado de Ações 

Nestes tempos de aversão aos riscos e estresse uma opção é escolher empresas com maior potencial dentro desse novo cenário. Outro ponto que deve estar bem claro, é a questão de volatilidade apresentada no mercado, lembre-se sempre de que em momentos de incerteza, o volume de ofertas aumenta consideravelmente, sendo importantíssimo respeitar a tese de investimentos que suporta o portfólio.

Dentro deste critério, o momento é de observar alguns setores como o de construção civil e varejo.

“Percebemos que alguns setores sofrem mais nesse cenário de “encarecimento” do dinheiro através da alta da Selic, como a Construção Civil e o Varejo, que tem caído 21% e 6,5% respectivamente nesse ano, enquanto o Ibovespa acumula 2,7% de queda. O contraponto é que dentro desses índices, temos gigantes de mercado nesses setores, que apresentaram excelentes balanços, como por exemplo, a Magazine Luíza e Lojas Americanas e ainda, a Cyrela e EzTec. Todas elas reportaram lucros com perspectiva de crescimento, com bons níveis de lucro líquido, alavancagem e expansão através da inclusão de novas linhas de negócios”, exemplificou Matheus.

Outro setor que apresenta números robustos e com potencial de retorno é o de tecnologia. Um exemplo é a Totvs, que mesmo apresentando queda nas ações, próxima a 3,5%, reportou excelentes números nos balanços em 2021 e segue pressionada pelo momento.

“Todos os exemplos citados possuem desconto excessivo diante do preço justo delas e com upside, ou seja, com potencial de crescimento de valor acima de 50%, dentro de setores que historicamente são vetores que refletem diretamente no PIB Brasileiro”, finalizou o sócio da Plátano Investimentos.

Na hora de ter uma carteira de investimentos, uma saída defensiva é verificar o posicionamento das empresas que estão menos expostas ao PIB e a política para não sofrer o gosto amargo das intempéries nacionais.

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