Mapa fará palestra sobre o plano de contingência da doença durante treinamento; SP tenta retirar obrigatoriedade da vacina
Foto: Felipe Nunes/CDA
Quatro médicos veterinários do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa) e 47 da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo participam de um treinamento em Pirassununga (SP) que vai simular um foco de febre aftosa. As atividades teóricas e práticas acontecem na semana de 25 a 29 de julho, no campus da Universidade de São Paulo do município.
O último registro de febre aftosa no Estado é de março de 1996. São Paulo está trabalhando para eliminar a obrigatoriedade da vacina contra a doença e o simulado é uma das orientações contidas no Plano Estratégico para esse fim. “O simulado é como um treinamento contra incêndio. Estamos preparando nossos ‘bombeiros’ para o momento de crise, que esperamos que não aconteça”, disse Danilo Kamimura, chefe da Divisão de Defesa Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura em São Paulo (SFA-SP).
Os veterinários envolvidos integram o Grupo Estadual de Atenção à Suspeitas de Enfermidades Emergenciais (Gease), criado a partir da Portaria CDA nº 10/2022, para o atendimento em um possível foco da doença. Simulado semelhante a esse não ocorre há mais de uma década, segundo os participantes.
O auditor fiscal federal agropecuário Gabriel Torres, chefe da Divisão de Aftosa do Mapa em Brasília, fará uma palestra sobre o Plano de Contingência de Febre Aftosa. “É basicamente as ações que são desencadeadas a partir do momento em que se confirma um foco da doença”, explicou ele.
O conteúdo desta palestra não envolve as ações de suspeitas da doença, mas de caso confirmado, quando é instituído o estado de emergência zoossanitária. “O plano prevê que, inicialmente, é preciso entender a extensão dos focos. Em seguida, as ações visam conter a febre aftosa no menor espaço geográfico possível”, explicou Gabriel.
No caso, o plano estabelece regras para o trânsito controlado de animais, com restrição de movimentação, além da ampliação das ações de vigilância. “A gente define raios de atuação em torno dos focos e adota ações específicas de vigilância nessas áreas”, disse ele. Simultaneamente, a contenção pode envolver vacinação de emergência, sacrifício sanitário de animais e o estabelecimento de uma zona de contenção. Os detalhes dessas medidas serão explicados na palestra.
CAPACIDADE DE RESPOSTA
De acordo com Luciano Lagatta, médico veterinário e gerente do Gease, o objetivo principal do treinamento é simular a ocorrência de um foco de febre aftosa para avaliar a capacidade de resposta do Serviço Veterinário Estadual (SVE) e capacitar os membros do grupo para o atendimento emergencial no caso de detecção do vírus da febre aftosa em território paulista.
O treinamento também tem como finalidades a consolidação do fluxo de atendimento e da documentação gerada entre a notificação da suspeita e o resultado positivo para febre aftosa (Sisbravet); a instalação do centro de operações em emergências zoossanitária(
“Vislumbramos que o Campus Fernando Costa apresenta características que nos permite simular, minimamente, o cotidiano de um município rural, com a praticidade de ser um ambiente controlado para a realização do exercício”,diz Lagatta.
“Isso nos possibilitou ‘criar’ três municípios distintos dentro do campus, permitindo a simulação de ações de fiscalização e controle de trânsito. Para fins de exercício, serão ‘criadas’ também, propriedades fictícias e simuladasGuias de Trânsito Animal (GTA’s) a partir da movimentação de animais no local”, completa o médico-veterinário.
Além da CDA, estão envolvidos na realização da atividade a SFA-SP, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootécnica da USP, Faculdade de Zootecnia e Engenharia da USP e a Prefeitura do Campus Fernando Costa da USP.A ideia é mobilizar e preparar diferentes elos da cadeia, como a pesquisa e ensino e as instâncias decisórias do Estado e da União.