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Ford: Um Retorno Cheio de “Amarras” e Seus Reflexos para o Mercado

Foto: divulgação da Ford/arquivo

Retomada em Taubaté é um fôlego numa fase de transformação da indústria automobilística 

 

Parte dos funcionários da Ford em Taubaté (SP) e em Camaçari (BA) voltou ao serviço, com garantia de emprego enquanto a negociação coletiva continua. Eles voltaram para atender uma demanda de produção de peças. Esta retomada é um fôlego dentro de uma questão maior: a transformação da indústria automobilística em tempos de carros elétricos, aplicativos de mobilidade e pandemia.

Como fica o posicionamento da empresa perante a estes trabalhadores, perante ao mercado de veículos e com relação aos investimentos brasileiros? O economista e assessor de investimentos Thales Manetti, da Plátano Investimentos – XP Investimentos, com sede em São José dos Campos, faz apontamentos de toda esta situação.

“A questão trabalhista está longe de ser finalizada. Questões envolvendo a justiça e acordos serão o foco daqui para frente, mas devemos nos atentar também para o setor de revendedoras da Ford. Hoje a empresa possui cerca de 260 autorizadas e a empresa quer reduzir para cerca de 120 revendedoras”, disse Manetti.

Como essas movimentações impactam o mercado financeiro? A dinâmica será um dia de cada vez, acompanhando as casas de análises e observando outros tipos de empresas que sustentam a cadeia produtiva.

“Se olharmos para a Bolsa Brasileira, empresas de mineração como a Usiminas por exemplo, podem ser afetados com a diminuição da vende de aço para a Ford, porém a própria Usiminas é fornecedora de aço para a Ford Argentina. Outro setor que pode ter um impacto é o de locadoras, já que os Fords Ka e EcoSport têm uma parcela significativa de veículos, estes modelos possuem ampla facilidade de serem substituídos”, comentou o assessor de investimentos e economista.

Por outro lado, a decisão de saída da Ford no Brasil agita a concorrência, que enxerga uma oportunidade de cobrir “um buraco”.

“A expectativa para o setor é de que as outras montadoras de carros absorvam a demanda que a Ford deixará no país fazendo o mercado se regular novamente, causando efeitos negativos de curto e médio prazo. Devemos observar o aumento do market share das outras montadoras nos próximos meses”, concluiu o economista da Plátano Investimentos.

 

Raio X 

Os primeiros sinais dessa mudança de rumo se deram em 2019, quando a Ford deixou de atuar no segmento de caminhões em toda a América do Sul e fechou sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Com estes movimentos, a empresa começa a sua reformulação global. Em janeiro de 2021 a empresa noticiou mais um fechamento, desta vez das fábricas de Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE), e a notícia pegou a todos de surpresa. O novo posicionamento global da marca será de atuar no mercado “premium”, com carros com valores acima de 120 mil reais e no segmento de SUV’s, pick-ups e esportivos de luxo, além de desenvolver uma linha de veículos elétricos.

A notícia afetou diretamente a RMVale, sede da fábrica de Taubaté, onde são produzidos peças e motores. Após reuniões com sindicalistas e autoridades do setor, a Ford manteve a sua posição em fechar a fábrica. Todavia, em dia 23 de fevereiro a empresa anunciou a retomada da produção de peças de reposição para abastecer o mercado. Cenas dos próximos capítulos são aguardadas pela classe de trabalhadores e pelo mercado.

 

Fonte: Plátano Investimentos

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