Lazer

Exposição “Reciclos” leva a São José dos Campos obras de arte produzidas com resíduos recicláveis

Foto: Divulgação

Latas de alumínio, fios elétricos, isopor, plástico, papelão, vidro, madeira, ferro e outros metais dão vida a painéis, esculturas, instalações, objetos, vídeos e serigrafia na exposição “Reciclos – Criando Novas Perspectivas”, que abre as portas no dia 24 de novembro no Parque Vicentina Aranha – Pavilhão São José, com visitação gratuita até 8 de janeiro de 2023. A “Reciclos” tem idealização e realização da Rede Educare, curadoria do ativista ambiental e grafiteiro Mundano e patrocínio das líderes na cadeia de alumínio e embalagens sustentáveis de alumínio Novelis e Ball Corporation, via Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial da Cultura.

Ao expor obras de arte produzidas a partir de resíduos recicláveis, a “Reciclos” promove uma reflexão sobre consumo, reciclagem e sustentabilidade. De caráter interativo e itinerante, a mostra acabou de fazer uma temporada de 46 dias em São Paulo e, após São José, terá Pindamonhangaba como próxima parada, seguindo depois para Salvador e Recife. A exposição está na sua segunda edição, após primeira temporada em 2016.

A novidade é que, nesta edição, além da provocação feita a partir das obras, a mostra tem também uma abordagem educativa. A “Reciclos” convida o público a participar e interagir com espaços, peças, jogos e oficinas que promovem o acesso a informações e curiosidades sobre descarte responsável de resíduos e importância da reciclagem. Uma galeria de fotos também promete atrair a atenção dos visitantes. São 14 imagens de catadores brasileiros de materiais recicláveis, numa ação de reconhecimento a esses trabalhadores urbanos que atuam como agentes essenciais para a reciclagem no país. As fotografias da galeria são oriundas do livro “Recicladores de Sonhos”, realização da Rede Educare com patrocínio pela Novelis via Lei de Incentivo à Cultura da Secretaria Especial da Cultura.

Cada imagem da galeria acompanha áudio com depoimento do respectivo catador, que poderá ser acessado pela câmera do celular. O mesmo acontece na exposição, que dispõe de audiodescrição com conteúdo extra sobre cada uma das obras. Alguns recursos serão apresentados via QR Code e braile a fim de incrementar a experiência do visitante portador de deficiência. Placas com especificações técnicas serão disponibilizadas em braile, e todo conteúdo audiovisual terá legendas.

A “Reciclos” também dedica atenção especial ao público de crianças e adolescentes. Além das atividades interativas, estão programadas oficinas e uma “trilha do conhecimento” com foco no público infantil e de jovens. O curador da exposição, Mundano – fundador da ONG Pimp My Carroça e do aplicativo Cataki – informa que a exposição foi pensada para todas as idades, “mas certamente são as crianças e adolescentes que vão aproveitar mais, até porque são elas que estão aí brigando por um futuro melhor”.

Arte sem descarte – Quem visitar a “Reciclos” pode não imaginar o desafio que cada criação representou para os artistas que as assinam. Ainda que a maioria deles exerça o ativismo ambiental, participar da mostra significou transpor o universo lúdico do seu estilo original, utilizando materiais do dia a dia para a forma 3D. Assinam as obras Odé Frasão, Rodrigo Machado, Iskor, André Inea, Kelly Reis, Everaldo Costa (Ever), Bruna Serifa, Luna Bastos e Subtu.

“Foi uma felicidade poder desafiar cada um deles, e o que juntos buscamos é que o público crie novos olhares sobre o resíduo e novas perspectivas do uso desses materiais, que são incríveis e que, às vezes, ocupam apenas alguns minutos do nosso dia, sendo descartados em seguida, podendo vir a ficar muitos e até centenas de milhares de anos no meio ambiente”, comenta o curador.

“Quando idealizamos a “Expo Reciclos” em 2016, já tínhamos consciência da urgência do tema, e reconhecendo a arte como uma ferramenta poderosa de conexão e reflexão, chegamos ao conceito da exposição. O cenário de descarte inadequado continua sendo um desafio e nós, como resposta, trabalhamos para ampliar o alcance da mostra, trazendo mais recursos de interação e conscientização. A ideia é promover um grande questionamento sobre a herança que estamos deixando para o planeta e para as futuras gerações”, comenta Kátia Rocha, diretora da Rede Educare.

“A “Reciclos” é um chamado para que o público se conscientize sobre a reciclagem e a importância da atitude de cada um nesse processo. Por meio da arte, conseguimos chamar a atenção para a causa e esperamos criar um senso coletivo de urgência em prol do planeta. A reciclagem está no centro da estratégia de negócios da Novelis, e faz parte do nosso propósito contribuir com a promoção deste tema na sociedade e com a construção de um mundo cada vez mais sustentável”, destaca Eunice Lima, diretora de Comunicação e Relações Governamentais da Novelis.

“Temos muito orgulho em ajudar a trazer a Reciclos para São José dos Campos, cidade que abriga a sede sul-americana da Ball, e justamente no Parque Vicentina Aranha, apadrinhado por nós para contribuir com a conexão da população local com a natureza, cultura e um modelo de consumo mais consciente. Acreditamos fortemente no poder da arte como ferramenta para levar a mensagem de sustentabilidade cada vez mais adiante, causando as reflexões em prol de um modelo mais saudável de planeta”, comenta Thaís Moraes, Diretora de Comunicação e Relacionamento com a Comunidade da Ball para América do Sul.

“Mudar a cultura do consumo é um desafio urgente e a exposição “Reciclos”, ao explorar o inusitado com obras produzidas a partir de resíduos recicláveis, nos desperta para um olhar ainda mais apurado sobre o que consumimos, como descartamos esses resíduos, os impactos que eles geram no meio ambiente e como podemos traçar novos caminhos para a regeneração do planeta. Abordar esse tema relevante, de uma forma artística, interativa e social no Parque Vicentina Aranha é unir esforços pela conscientização no presente visando o legado que queremos deixar para as gerações futuras”, ressalta Aldo Zonzini Filho, diretor-executivo da AFAC – Organização Social de Cultura, entidade gestora do Parque Vicentina Aranha.

 

Criadores e criaturas

  • ANDRÉ INEA trabalha como artista e bioconstrutor na Mata Atlântica. Atua nos campos do desenho, pintura, escultura e street art, debruçando-se sobre as possíveis formas de construção ecológica, observando animais construtores no cotidiano.

OBRA: Pássaros e ninho com fios elétricos.

  • BRUNA SERIFA é letrista, multiartista e seu trabalho explora letras e palavras. Por meio da pintura de paredes, de murais e do lettering digital, difunde mensagens que questionam, fortalecem, acalmam e acolhem.

OBRA: Serigrafia com bandejas de isopor.

  • EVER, ou Everaldo Costa, é pesquisador de técnicas e animador de fantoches em stop motion, focado em meio ambiente. Trabalha há mais de 20 anos com resíduos descartados e, nos últimos cinco, com pesquisas de animação na sua produtora independente, Namarra Produções.

OBRA: Vídeo de 180 segundos em stop motion que explora objetos feitos a partir de 30 caixas de papelão, 21 latas de ferro, (reaproveitadas) imã e tinta.

  • ISKOR, ou Felipe Arantes Silva, é muralista, arte-educador, artista visual e designer. Trabalha com muralismo contemporâneo, gravura e outras linguagens.

OBRA: Painel que reproduz retrato feito com latas de alumínio.

  • KELLY REIS é arte educadora, ilustradora e trabalha com grafite e arte mural. A sua arte procura evidenciar a energia das cores ao combinar tons a partir de arquétipos de matriz africana, oriental e indígena.

OBRA: Instalação com recicláveis diversos que reproduz uma carroça.

  • LUNA BASTOS é artista urbana e ilustradora. Sua arte expressa emoções e sentimentos e retrata a importância da representatividade no processo de reconstrução e ressignificação da identidade negra.

OBRA: Escultura de 2 metros feita com vergalhão, chapa de aço e resíduos de oficina.

  • ODÉ FRASÃO iniciou na pixação e hoje trabalha com grafite. No início, seus grafites retratavam desenhos de extraterrestres, e depois passou a pintar Insetos divertidos, que considera uma metáfora do próprio grafite, que estão por toda parte e se espalham pelas paredes das cidades do mundo.

OBRA: Instalação com inspiração nos oceanos com o uso do plástico.

  • RODRIGO MACHADO é artista plástico e tem longa trajetória como cenógrafo. É fundador de coletivos de intervenção urbana, como o Urban Trash Art. Em 2010, criou o Estúdio Buriti, plataforma de produção de artes e marcenaria que realiza projetos artísticos em várias vertentes.

OBRA: Instalação com gotas de madeira.

  • SUBTU trabalha com diversas mídias e suportes, tendo a presença do macaco Yoko, espécie de macaco urbano que reflete a essência humana interagindo com pessoas e cidades.

OBRA: Instalação com garrafas de vidro e isopor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *